As discussões do evento são divididas em quatro trilhas: Arte e design; Computação; Indústria e Cultura. Produtores e pesquisadores podem inscrever trabalhos para cada uma das áreas. O prazo termina no dia 30 deste mês. A trilha Cultura é destinada às discussões sobre o universo dos games, de seus usuários e do que é construído nessa relação.
A área preocupa-se com as possíveis influências dos jogos, como eles modificam as pessoas, as comunidades, enfim a sociedade. A trilha também aborda os conteúdos veiculados, a forma pela qual os usuários se reorganizam através do jogo e os usos, as proibições e as questões que são levantadas em torno do game.
Criada há três anos, a trilha aceita trabalhos nas seguintes áreas: educação, política, trabalho, linguagem, juventude, mídia, violência, sociabilidade, publicidade, emoção, motivação, corpo, arte, gênero, psicologia, religião, filosofia e saúde. Para conhecer um pouco mais sobre o evento e as discussões, a revistapontocom conversou com a professora Lynn Alves, coordenadora da organização da trilha Cultura. Lynn é doutora em comunicação e educação e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Acompanhe:
revistapontocom – Dizem que o Brasil tem um grande potencial de criatividade na área de produção de games, o mesmo também pode ser dito em relação aos estudos acadêmicos?
Lynn Alves – Sim. Fizemos, aqui na Bahia, um levantamento no Portal de dissertações e teses da CAPES, relativo ao período de 1996 a 2007 (ainda não estão cadastradas as pesquisas de 2008), tendo como referência as palavras-chave: jogos eletrônicos e jogos digitais. Encontramos 43 trabalhos defendidos nesse período, sendo que a primeira pesquisa foi defendida em 1996, na área de Educação e Cultura, através de uma dissertação de mestrado. Estas pesquisas investigaram os jogos digitais sob diferentes perspectivas, sinalizando um crescimento significativo de investigações nas universidades brasileiras, retirando os games do underground.
revistapontocom – Qual é o objetivo da trilha Cultura?
Lynn Alves – Este é o terceiro ano que o SBGames traz a trilha Cultura para o debate. Consolidamos a trilha como um espaço de socialização e intercâmbio de diferentes olhares em torno da presença dos games na sociedade contemporânea. Para esse ano, inclusive, incluímos mais cinco subtemas de análise: games e gênero, games e psicologia, games e religião, games e filosofia e games e saúde. Essas novas áreas surgiram devido às discussões que vêm emergindo em torno destas temáticas. Elas também são fruto dos resultados dos trabalhos do ano passado. Desta forma, os pesquisadores poderão trilhar em dezoito vias que podem ser ampliadas a partir de trabalhos que tenham relações com a cultura.
revistapontocom – O que já se pode afirmar sobre a produção acadêmica desta trilha? O que mais chama a atenção?
Lynn Alves – Penso que ainda é a produção em torno da relação entre games e educação. Embora os espaços escolares ainda não trabalhem com as novas mídias, os pesquisadores da Educação sinalizam uma preocupação em estabelecer uma interlocução com os ambientes interativos, nos quais estão imersos os nativos digitais.
revistapontocom – De que forma o SBGames e outros eventos, como o seminário Construindo Novas Trilhas realizado pela UNEB há quatro anos, contribuem para o diálogo entre a academia e a produção de games?
Lynn Alves – Criando um espaço de intercâmbio, dando e fortalecendo a voz dos pesquisadores desta área. Hoje já não estamos mais sozinhos, diferente de quatro anos atrás quando foi realizado o I Seminário Jogos Eletrônicos, Educação e Comunicação – construindo novas trilhas, em Salvador, na Uneb, que reuniu, pela primeira vez, investigadores e interessados na área de games e cultura. Foi um marco que foi ampliado e fortalecido através das discussões da trilha Cultura, presente no SBGames.
revistapontocom – Os interessados têm até o dia 30 de junho para inscrever trabalhos. O resultado final sai quando?
Lynn Alves – Os interessados têm até o dia 30 de junho para enviar os trabalhos na plataforma do Jems, que é um sistema gerenciador utilizado pelos eventos da Sociedade Brasileira de Computação. Os autores dos trabalhos aprovados receberão a notificação até o dia dez de agosto. É importante registrar que o comitê científico é formado por mestres, doutorandos e doutores com pesquisas na área em Portugal e no Brasil. Como já mencionado, os interessados podem enviar trabalhos para as seguintes sub-áreas: Games e educação, Games e política, Games e trabalho, Games e linguagem, Games e juventude, Games e mídia, Games e violência, Games e sociabilidade, Games e publicidade, Games e emoção, Games e motivação, Games e corpo, Games e arte, Games e gênero, Games e psicologia, Games e religião, Games e filosofia, e Games e saúde. Todos estão convidados a participar intensamente do SBGames, um evento feito por pesquisadores, profissionais, estudantes e demais interessados que cotidianamente constroem um significado diferenciado para os jogos eletrônicos.
Fonte: revistapontocom