A Surgeon General’s Advisory dos nos Estados Unidos, na pessoa do Dr. Vivek Murthy, divulgou um novo alerta sobre Redes Sociais e Saúde Mental dos Jovens. Embora as redes sociais possam oferecer alguns benefícios, há fortes indicadores de que elas também podem representar um risco para a saúde mental e o bem-estar de crianças e adolescentes. O uso de redes sociais por jovens é quase universal, com até 95% dos jovens entre 13 e 17 anos relatando o uso de uma plataforma de mídia social e mais de um terço dizendo que usam as redes sociais “quase constantemente”.
A Vulnerabilidade dos jovens às Redes Sociais
A adolescência e a infância representam uma fase crítica no desenvolvimento do cérebro, tornando os jovens mais vulneráveis aos danos das redes sociais. A Surgeon General’s Advisory está emitindo um chamado urgente à ação para que formuladores de políticas, empresas de tecnologia, pesquisadores, famílias e os próprios jovens entendam melhor o impacto total do uso das redes sociais, maximizem os benefícios e minimizem os danos dessas plataformas, e criem ambientes online mais seguros e saudáveis para proteger as crianças. Este Aviso faz parte dos esforços contínuos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) para apoiar a estratégia governamental do Presidente Joe Biden de transformar os cuidados de saúde mental para todos os americanos.
“A pergunta mais comum que os pais me fazem é: ‘as redes sociais são seguras para meus filhos?’ A resposta é que não temos evidências suficientes para dizer que são seguras e, de fato, há evidências crescentes de que o uso das redes sociais está associado a danos à saúde mental dos jovens,” disse o Dr. Vivek Murthy. “Crianças são expostas a conteúdos prejudiciais nas redes sociais, desde conteúdo violento e sexual até bullying e assédio. Para muitas crianças, o uso das redes sociais está comprometendo o sono e o tempo valioso em pessoa com a família e amigos. Estamos no meio de uma crise nacional de saúde mental juvenil, e estou preocupado que as redes sociais sejam um importante motor dessa crise – algo que devemos abordar urgentemente.”
O uso das redes sociais pode se tornar prejudicial dependendo do tempo que as crianças passam nas plataformas, do tipo de conteúdo que consomem ou são expostas, e do grau em que isso interrompe atividades essenciais para a saúde, como sono e atividade física. Diferentes crianças são afetadas de maneiras distintas, com base em fatores culturais, históricos e socioeconômicos. Entre os benefícios, os adolescentes relatam que as redes sociais os ajudam a se sentir mais aceitos (58%), a ter pessoas que os apoiam em momentos difíceis (67%), a ter um lugar para mostrar seu lado criativo (71%) e mais conectados ao que está acontecendo na vida de seus amigos (80%).
No entanto, o uso excessivo e problemático das redes sociais pode ser uma realidade para algumas crianças. Pesquisas recentes mostram que adolescentes que passam mais de três horas por dia nas redes sociais têm o dobro de risco de experimentar problemas de saúde mental, como sintomas de depressão e ansiedade.
No entanto, uma pesquisa de 2021 encontrou que, em média, os adolescentes passam 3,5 horas por dia nas redes sociais. As redes sociais também podem perpetuar a insatisfação com o corpo, comportamentos alimentares desordenados, comparações sociais e baixa autoestima, especialmente entre meninas adolescentes. Um terço ou mais das meninas entre 11 e 15 anos dizem se sentir “viciadas” em certas plataformas de redes sociais e mais da metade dos adolescentes relatam que seria difícil abandonar as redes sociais. Quando questionados sobre o impacto das redes sociais na imagem corporal, 46% dos adolescentes entre 13 e 17 anos disseram que as redes sociais os fazem se sentir pior, 40% disseram que não fazem diferença e apenas 14% disseram que as redes sociais os fazem se sentir melhor. Além disso, 64% dos adolescentes estão “frequentemente” ou “às vezes” expostos a conteúdo de ódio nas redes sociais. Estudos também mostraram uma relação entre o uso das redes sociais e a má qualidade do sono, redução da duração do sono, dificuldades para dormir e depressão entre os jovens.
Enquanto mais pesquisas são necessárias para determinar o impacto total do uso das redes sociais em quase todos os adolescentes do país, crianças e adolescentes não podem esperar anos até que saibamos a extensão completa dos efeitos das redes sociais. O alerta da Surgeon General’s Advisory oferece recomendações para que as partes interessadas ajudem a garantir que crianças e suas famílias tenham as informações e as ferramentas necessárias para tornar as redes sociais mais seguras:
Formuladores de Políticas: Fortalecer padrões de segurança e limitar o acesso de maneiras que tornem as redes sociais mais seguras para crianças de todas as idades, proteger melhor a privacidade das crianças, apoiar a alfabetização digital e mediática e financiar pesquisas adicionais.
Empresas de Tecnologia: Avaliar de forma mais transparente o impacto de seus produtos nas crianças, compartilhar dados com pesquisadores independentes para aumentar nossa compreensão coletiva dos impactos, tomar decisões de design e desenvolvimento que priorizem a segurança e a saúde – incluindo a proteção da privacidade das crianças e a melhor adesão às idades mínimas – e melhorar os sistemas para fornecer respostas eficazes e oportunas às reclamações.
Pais e Cuidadores: Estabelecer zonas livres de tecnologia em casa que promovam melhor os relacionamentos pessoais, ensinar os filhos sobre o comportamento responsável online e modelar esse comportamento, e relatar conteúdo e atividades problemáticas.
Crianças e Adolescentes: Adotar práticas saudáveis, como limitar o tempo nas plataformas, bloquear conteúdos indesejados, ter cuidado ao compartilhar informações pessoais e procurar ajuda se eles ou um amigo precisarem ou virem assédio ou abuso nas plataformas.
Pesquisadores: Priorizar ainda mais a pesquisa sobre redes sociais e saúde mental dos jovens que possa apoiar o estabelecimento de padrões e a avaliação das melhores práticas para apoiar a saúde das crianças.
Em conjunto com o Aviso da Surgeon General’s Advisory, líderes de seis organizações médicas do país expressaram sua preocupação com os efeitos das redes sociais na saúde mental dos jovens. Eles destacam a necessidade urgente de abordar essa questão para proteger o bem-estar mental e emocional das crianças e adolescentes, enquanto também reconhecem os benefícios potenciais das redes sociais quando usadas de maneira responsável e segura.
Essa iniciativa do Dr. Murthy é uma continuação de seu trabalho para melhorar a saúde mental e o bem-estar dos jovens em todo o país, ressaltando a importância de um esforço coletivo para criar um ambiente digital mais saudável e seguro para as gerações futuras.
No Brasil os especialista acatam as recomendações da OMS
A (OMS) Organização Mundial da Saúde é uma agência especializada em saúde, subordinada à Organização das Nações Unidas. Vejam as recomendações:
Crianças menores de até 1 ano: não devem ser expostas às telas; não devem passar mais de 1 hora restritas a carrinhos ou cadeirões; devem dormir de 14 a 17 horas (entre 0-3 meses) e entre 12 a 16 horas (4-11 meses), incluindo sonecas.
Crianças de 2 anos: o uso de aparelhos eletrônicos e digitais não é recomendado; não devem ficar mais de 1 hora por dia restritas a cadeirões e similares; devem passar 180 minutos por dia realizando atividades físicas; precisam dormir de 11 a 14 horas.
Crianças com idade de 2-4 anos: não devem ser menos de 1 hora diante das telas; podem ficar no máximo 1 hora restritas a cadeirões e similares; devem ter 180 minutos diários em atividades físicas; precisam dormir de 10 a 13 horas por dia.
Quanto aos pais, devem buscar realizar atividades lúdicas com seus filhos e priorizá-las, evitando o contato com smartphones, tablets e outros dispositivos eletrônicos durante os momentos dedicados à família. Uma dica importante: não ter medo de dizer ‘não’, mesmo que a reação da criança seja negativa.
Idade Mínima para crianças Usarem Redes Sociais
A idade mínima legal para acessar as redes sociais é geralmente estabelecida pelas políticas de privacidade de cada plataforma, alinhadas com regulamentos internacionais, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) na Europa e a Children’s Online Privacy Protection Act (COPPA) nos Estados Unidos. Abaixo estão as idades mínimas para as plataformas que você mencionou:
De acordo com o Código Civil (Art. 1.634), os pais têm o dever de cuidar, educar e proteger os filhos menores.
- TikTok: A idade mínima para criar uma conta é de 13 anos. No entanto, a plataforma oferece uma versão restrita para menores de 13 anos em alguns países.
- Instagram: Também exige que os usuários tenham pelo menos 13 anos para criar uma conta.
- WhatsApp: A idade mínima para usar o WhatsApp varia conforme a região. Em geral, é 16 anos na Europa (devido ao GDPR) e 13 anos em outros lugares, como o Brasil e os Estados Unidos.
- Threads (Meta): Segue as mesmas diretrizes do Instagram, exigindo que os usuários tenham no mínimo 13 anos para criar uma conta.
Por que a Idade Mínima?
- Proteção de dados: Crianças abaixo de 13 anos geralmente possuem menos capacidade de compreender os termos de uso e as implicações da exposição de seus dados pessoais na internet.
- Conteúdo inadequado: As redes sociais podem conter conteúdo que não é adequado para crianças, como linguagem imprópria, violência ou material sexualmente explícito.
- Privacidade: Crianças podem não ter a maturidade necessária para entender os riscos à privacidade associados ao compartilhamento de informações pessoais online.
- Segurança: A interação com estranhos em plataformas online pode expor crianças a riscos de assédio, grooming (abordagem de crianças com intenções sexuais) e outros perigos.
Controles Parental em Smartphones e Tablets
iOS (iPhone/iPad)
- Tempo de Uso (Screen Time): O recurso integrado da Apple permite aos pais monitorar e limitar o tempo de uso de apps e categorias específicas, bloquear conteúdo adulto, e restringir compras na App Store.
- Configurações de Conteúdo e Privacidade: Controla o tipo de conteúdo que pode ser acessado (música, filmes, programas de TV, sites) com base na faixa etária. Também permite limitar os apps que a criança pode usar.
- Compartilhamento Familiar (Family Sharing): Permite monitorar a atividade, aprovar downloads e compras, e rastrear a localização dos dispositivos dos membros da família.
Android
- Google Family Link: Um app que permite aos pais monitorar o tempo de uso, definir limites para o tempo de tela, aprovar ou bloquear apps que os filhos desejam baixar, e rastrear a localização dos dispositivos Android.
- Controle de Conteúdo no Google Play: Os pais podem restringir downloads de apps, jogos, filmes e música com base na classificação etária.
- Navegação Segura (Google Chrome): A funcionalidade SafeSearch pode ser ativada para filtrar conteúdo explícito durante as pesquisas.
2. Controles Parental em Consoles de Videogame
PlayStation
- Limites de Conteúdo: Permite controlar quais jogos, filmes e aplicativos a criança pode acessar, com base na faixa etária.
- Tempo de Uso: É possível definir um limite diário de tempo de jogo, após o qual o acesso é bloqueado.
- Restrição de Compras: Pode-se desativar a opção de realizar compras na PlayStation Store sem a permissão dos pais.
Xbox
- Microsoft Family Group: Oferece controles para limitar o tempo de tela, bloquear conteúdos inapropriados com base na faixa etária, e monitorar a atividade online.
- Filtros de Conteúdo e Tempo de Jogo: Define o que pode ser jogado ou acessado com base nas classificações etárias dos jogos e permite limitar o tempo de uso.
Nintendo Switch
- Aplicativo de Controle Parental: Os pais podem gerenciar o tempo de jogo, ver um relatório de atividades, e definir restrições de conteúdo diretamente pelo app.
- Controle de Conteúdo: É possível restringir jogos com base na classificação etária e desativar compras na eShop.
3. Controles Parental em Computadores
Windows
- Microsoft Family Safety: Permite aos pais definir limites de tempo de tela, monitorar a atividade online, e bloquear conteúdos e aplicativos inapropriados. Funciona tanto em computadores Windows quanto em dispositivos Android.
- Configurações de Navegação Segura (Edge): Os pais podem ativar o bloqueio de sites explícitos e garantir que os filhos naveguem apenas em sites permitidos.
MacOS
- Tempo de Uso (Screen Time): Assim como no iOS, os pais podem definir limites de tempo para o uso de aplicativos e sites, bloquear conteúdo adulto, e restringir o acesso a certos tipos de mídia.
- Controles de Conteúdo: Permite bloquear o acesso a sites específicos e restringir a instalação de novos apps sem autorização.
4. Controles Parental em Smart TVs e Serviços de Streaming
Smart TVs
- As smart TVs geralmente oferecem a opção de criar perfis separados com controles de idade para limitar o acesso a certos tipos de conteúdo, bloquear compras e restringir apps de streaming.
- Algumas TVs têm a função de bloqueio por PIN para conteúdo inadequado ou canais específicos.
Serviços de Streaming (Netflix, YouTube, etc.)
- Netflix: Permite a criação de perfis infantis que restringem conteúdo inadequado e dão acesso apenas a programas e filmes voltados para crianças. Além disso, os pais podem definir um PIN para bloquear a troca de perfis.
- YouTube Kids: Uma versão separada do YouTube destinada a crianças, com conteúdo moderado e a possibilidade de limitar o tempo de tela e definir quais vídeos podem ser assistidos.
- Amazon Prime Video: Oferece controles parentais para bloquear conteúdo adulto e proteger compras não autorizadas com um PIN.
O que é a a The U.S. Surgeon General’s Advisory
Surgeon General’s Advisory (Conselho de Saúde) nos Estados Unidos é uma declaração oficial, que é a principal porta-voz de saúde pública do governo federal. Essas declarações são usadas para informar e educar o público sobre questões importantes de saúde pública, com o objetivo de promover a saúde e prevenir doenças.
Funções e Trabalho da Instituição:
Educação e Informação: O Cirurgião Geral emite recomendações e orientações baseadas em evidências para ajudar a proteger e melhorar a saúde da população. Isso pode incluir conselhos sobre tópicos como tabagismo, obesidade, vacinas, saúde mental, uso de substâncias, entre outros.
- Promoção de Políticas de Saúde: Trabalha para influenciar políticas e práticas de saúde pública em nível local, estadual e nacional. Isso pode envolver a colaboração com outras agências governamentais, organizações de saúde, e a comunidade.
- Campanhas de Saúde Pública: Lidera campanhas nacionais de conscientização e educação para promover comportamentos saudáveis e prevenir doenças.
- Relatórios Oficiais: Publica relatórios detalhados sobre questões específicas de saúde pública. Esses relatórios são baseados em pesquisa científica e são usados para orientar políticas públicas e práticas de saúde.
- Coordenação de Respostas de Saúde Pública: Em situações de emergência de saúde pública, como surtos de doenças ou desastres naturais, o Cirurgião Geral pode desempenhar um papel na coordenação das respostas e na comunicação de riscos ao público.
Exemplos de Advisories:
Tabagismo: Houve vários advisories sobre os riscos do tabagismo e os benefícios de parar de fumar.
Opioides: Advisories sobre a crise dos opioides, abordando o uso seguro de medicamentos e a prevenção de overdoses.
Vacinação: Recomendações sobre a importância das vacinas e orientações sobre como aumentar a cobertura vacinal.
A função principal do Surgeon General’s Advisory é, portanto, servir como uma fonte confiável de informações de saúde pública, ajudar a moldar políticas de saúde e educar a população sobre práticas saudáveis.
Para mais informações , visite: www.surgeongeneral.gov/priorities.
O documento PDF completo com o estudo feito pela The U.S. Surgeon General’s Advisory:
- Office of the Surgeon General (OSG).
- Washington (DC): US Department of Health and Human Services; 2023.