O Epicurismo foi uma das respostas dadas pela Filosofia ao momento histórico em que vivia a Grécia da época helenística. A primeira escola epicurista surgiu em Atenas por volta do fim do século IV a.C. Seu fundador, Epicuro, nasceu em Samos, em 341 a.C.
Os professores, sucessores de Platão na Academia e de Aristóteles no Liceu, estavam deturpando os ensinamentos de seus mestres, o que não passou despercebido por Epicuro. A novidade revolucionária do pensamento epicurista começava pelo espaço dedicado à escola: um prédio com um jardim nos subúrbios de Atenas. Longe do barulho da cidade, o silêncio do campo se adequava melhor à mensagem do filósofo.
Segundo Epicuro, a ataraxia é um estado da alma em que nada consegue perturbá-la e diante, de todo dissabor, ela deveria ficar impassível. Chega-se à ataraxia atendendo aos desejos naturais e ignorando os supérfluos e desnecessários. O homem sábio e feliz contenta-se com o estritamente indispensável. É a estabilidade diante dos nossos infortúnios diários que garante a felicidade.
Para levarmos uma vida assim, devemos nos dedicar à Filosofia. Segundo os epicuristas, uma vida dedicada ao ato filosófico é uma vida preparada para a morte. Um dos lemas mais fortes do epicurismo é: filosofa-se para morrer. Ou seja: se levarmos uma vida que vale a pena ser vivida, a morte (símbolo-mor dos nossos infortúnios), não nos será nenhum problema. Quando ela chegar, não nos causará nenhuma dor, pois estaremos preparados pela ela. Por outro lado, se simplesmente dermos vazão aos clamores da vida material, quando chegar a hora de abandoná-los, nos sentiremos despreparados.
Para Epicuro, o essencial para a felicidade é a nossa condição íntima. O desejo precisa ser controlado, para que a serenidade nos ajude a suportar a dor. A vida se torna agradável quando sabemos lidar com perdas, que, na visão epicurista, nunca é uma perda real e, sim, uma perda imaginária. Isto é: se perdemos algo de que gostamos e, por isso, nos entristecemos, o objeto perdido, na verdade, nunca nos pertenceu. Se, de fato, ele nos pertencesse, ficaria excluída a possibilidade de perdê-lo, pois só podemos perder aquilo que, em alguma medida, nunca foi nosso.
Um exemplo: quando o todo poderoso Alexandre Magno encontra-se com o filósofo Diógenes, oferece-se para lhe dar um presente. Educadamente, Diógenes lhe responde: não tente me dar o que já é meu, dê-me licença da frente, pois quero continuar a tomar meu banho de sol.
Sem querer ser muito pessimista, afirmo que se Alexandre tivesse oferecido seu presente a dez homens do nosso tempo, é muito provável que nove pediria os mais caros mimos que nossa mente conseguisse imaginar, pois aprendemos que é melhor sofrer com a perda de algo do que ter que se acostumar a não tê-lo.