Origem do Novo Testamento

A ORIGEM DO NOVO TESTAMENTO

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Sobre a origem dos evangelhos, é preciso entender que em temos de bíblia, tratam-se de cópias datadas do II e IV século. No livro de Mateus, o autor não se identifica no texto. O título atribuído a Mateus, porém, aparece em manuscritos mais antigos e é provavelmente original. Para os acadêmicos, a escrita se dá no I Século, contudo a compilação acontece entre o II e IV séculos

Muitos pais da igreja primitiva (Pápias, Irineu, Panteno e Orígenes) reconheceram Mateus como o autor. Pápias de Hierápolis ( I d.C)) também argumentou que Mateus escreveu originalmente em hebraico e que o Evangelho foi posteriormente traduzido para o grego. Há um documento intitulado “Q” (do alemão, Quelle, fonte), que, segundo Papias, serviram de base para Mateus e Lucas na composição de seus Evangelhos. É a esse documento que Papias se refere consoante citação do Bispo de Hierápolis feita por Eusébio de Cesaréia (III e IV a.C).

Muitos estudiosos modernos contestam essas afirmações tradicionais. Por exemplo, contra Papias, argumentam que este Evangelho não foi originalmente escrito em hebraico, uma vez que o grego de Mateus não dá a impressão de que seja uma tradução grega. Além disso, argumentam que se o princípio da Igreja, então a opinião de Papias estava errada sobre a língua original, aparentemente também estava errada sobre o autor.

Contudo, é possível que a melhor versão grega de Mateus tenha sido preparada por um tradutor habilidoso a partir do texto original hebraico. Além disso, há muitos sinais de autoridade judaica neste Evangelho. No final, o hebraico logo deixou de ser a língua principal entre os cristãos.

À medida que a Igreja crescia em terras pagãs e exigia acesso aos escritos através da tradução grega, a ausência do antigo texto hebraico de Mateus não era um problema. Embora houvesse a possibilidade de Papias estar errado sobre a linguagem original do Evangelho de Mateus, isso não significa que ele ou outros líderes da igreja primitiva estivessem errados ao determinar que Mateus era a fonte desse Evangelho.

Na verdade, a igreja primitiva concordou que o apóstolo Mateus escreveu o Evangelho de Mateus. É claro que precisamos de provas publicadas para refutar esta velha ideia. A própria evidência da Bíblia apoia o que ele disse a Mateus. Marcos 2:14 e Lucas 5:27.

No entanto, este Evangelho identifica Levi como “Mateus”. Mateus, um nome hebraico que significa “dom de Deus”, parece ser o nome apostólico que Jesus deu a Levi depois que ele decidiu seguir a Cristo, assim como Simão recebeu o nome de “Pedro” de Jesus após sua confissão de fé (16 :18). O uso de “Mateus” neste Evangelho pode ser um toque pessoal de Mateus, uma referência a si mesmo que nos dá pistas sobre o autor. A determinação da data de composição do Evangelho segundo Mateus depende principalmente da proporção dos “evangelhos com os outros”.

A maioria dos estudiosos acredita que Mateus usou o Evangelho de Marcos como base ao escrever seu próprio Evangelho. Se isso estiver correto, o Evangelho de Mateus deve ser posterior ao de Marcos. No entanto, a datação do Evangelho de Marcos também é envolta em mistério. Irineu (c. 180 DC) sugeriu que Marcos escreveu seu Evangelho após a morte de Pedro, em meados da década de 601. Por outro lado, Clemente de Alexandria, que escreveu apenas 20 anos após Irineu, afirmou que Marcos escreveu seu Evangelho enquanto Pedro ainda estava vivo. Dada a ambiguidade das evidências históricas, a decisão sobre a datação deve se basear em outros fatores.

Paulo não tinha a intenção de produzir obras para a posteridade. Seus escritos eram acidentais e visavam apenas à cura imediata das enfermidades espirituais e morais dos crentes e congregações. Desde sua primeira carta, motivada por problemas específicos da igreja na cidade de Tessalônica, até suas últimas epístolas e a pequena carta a Filemon, escrita da prisão, o apóstolo não pretendia criar um conjunto de cartas para serem compiladas em um volume destinado à posteridade.

As cartas de Paulo foram escritas antes dos Evangelhos

Logo após a morte de Paulo em Roma, por volta do ano 64, surgiu naquela mesma cidade o Evangelho de Marcos, provavelmente no ano 65. Este evangelho serviria de base para duas outras grandes obras futuras. Cópias deste Evangelho logo encontraram seu caminho até as mais distantes partes do império.

Partindo do trabalho de Marcos, cuja conexão com Pedro e com a cidade de Roma lhe dava grande autoridade, Mateus escreveu seu Evangelho provavelmente em Antioquia da Síria, e Lucas na Grécia, o primeiro entre 80-85 e o último entre 85-90.

Por fim, parecendo desconhecer os outros três, o quarto Evangelho surgiu na última década do século, provavelmente em Éfeso.

Na mesma década, como se fosse um segundo volume de Lucas, aparece o livro de Atos dos Apóstolos. Além disso, surgem a Carta aos Hebreus e, provavelmente, as Cartas Pastorais. Estes textos desempenham um papel fundamental na primeira fase da história do cânon cristão.

Inácio, bispo de antioquia da Síria, coloca os Evangelhos no mesmo nível de autoridade das Escrituras do Antigo Testamento, considerando-os até superiores pela clareza de seu testemunho.

Inácio sofreu martírio entre 107 e 117 d.c, seu testemunho é o primeiro após o de Clemente. Ele citava de memória textos da comunidade cristã. Ele demonstra um conhecimento geral do Novo Testamento. Os Evangelhos de Mateus e João parecem ser seus favoritos ou os que ele conhecia melhor. Inácio também era bem familiarizado com as epístolas paulinas.

É interessante notar que foi Inácio quem usou pela primeira vez a palavra “Cristianismo” em sua Carta aos Filadélfios, estabelecendo um paralelo com o judaísmo.

Os textos mais antigos do evangelho

É preciso compriender que a partir do II século compilaçãoes começam a circular nas comunidades cristãs. Entende-se que essas compilações rudimentres eram reunião e coleção de textos, documentos ou trechos de testemunhos sobre a vida e obra de Jesus e da vida comunitária. Como citado anteriormente o “Documento Q” trata-se de uma dessas “compilações” do início da história do evangenho, escrito primitivamente em aramaico da Palestina e só depois traduzido para o grego, provavelmente em Antioquia da Síria, “Q” teria sido composto por volta do ano 50.

Ao fazermos a comparação de “Q” com o material encontrado nos vários evangelhos apócrifos, fica claro a existência de cânones seletivos tão antigos quanto a época de “Q”.

A teoria de B.H Streeter(1953) aponta para a existência de outros dois documentos plausíveis, ambos contendo elementos do período pré-evangélico, ou pelo menos elementos anteriores aos Evangelhos que os unem: são os documentos M e L, que contêm o Evangelho de Mateus e textos especiais material sobre o Evangelho de Mateus. respectivamente. Embora hipotéticos, estes documentos mostram que não só o cristianismo, mas especialmente os escribas, tinham critérios próprios para selecionar os documentos evangélicos das abundantes colheitas em circulação na época.

A relação de Paulo com os Evangelhos

A data da composição de Marcos é deduzida com a maior precisão a partir da data de Lucas e Atos. O final abrupto de Atos, que deixou Paulo em prisão domiciliar em Roma, sugere que o livro foi escrito antes da libertação de Paulo. Visto que um dos temas principais de Atos é a legalidade do cristianismo no Império Romano, seria de esperar que Lucas mencionasse a libertação de Paulo do imperador, caso isso já tivesse acontecido. Essa evidência remonta ao início da década de 60.

Lucas e Atos dos Apóstolos eram dois volumes de uma única obra, como indicam os prólogos desses livros. Lucas foi escrito antes de Atos. Considerando a quantidade de pesquisas que Lucas investiu no livro e suas viagens para entrevistar testemunhas oculares, uma data no final da década de 50 é razoável. Se Lucas usou Marcos para escrever seu Evangelho, como é provável, isso implica que Marcos foi escrito antes do final da década de 50, talvez no início ou meados da década de 50.

As primeiras evidências históricas são consistentes com essa visão. Irineu (c. 180 DC) afirmou que Marcos escreveu seu Evangelho enquanto Pedro e Paulo pregavam em Roma, o que situaria a composição de Marcos no início dos anos 60.

Como mencionei anteriormente, apenas partes do Novo Testamento dos séculos II a IV foram preservadas. Cinco deles são papiros: P. 45, que contém os Evangelhos e Atos; P. 46, que contém as Epístolas de Paulo; , contém letras gerais P. 75 (Bodmer XIV/XV), contém os Evangelhos. Vale também destacar que, não é porque um texto é o mais antigo que é um bom texto. O P.47, por exemplo, de longe o mais antigo dos manuscritos contendo o texto completo ou quase completo de Apocalipse, certamente não é o melhor”

Sabe-se que, no tempo de Clemente, os Evangelhos de Lucas, Mateus e o livro de Atos já circulavam em Roma. Por volta do ano 85, quando Mateus escreveu seu Evangelho, o Evangelho de Marcos já havia atravessado o Mediterrâneo até Antioquia, e logo depois Lucas o utilizava na Grécia. O papiro P.52 indica que, no primeiro quartel do século segundo, o Quarto Evangelho já havia alcançado o Egito.

A partir de Clemente, as cartas de Paulo eram conhecidas e circulavam amplamente. Em Marciano, essas cartas já estavam catalogadas num corpus, de modo que esse corpus existiu bem antes, na última década do século primeiro.

Os Evangelhos circulavam, entretanto, separadamente. O grande número de variantes e a significativa corrupção textual de Marcos atestam sua circulação mais extensa em comparação com os outros. Por volta de 160, os quatro Evangelhos já eram proeminentes tanto no Oriente quanto no Ocidente. Embora ainda não formassem um corpus evangelicum, ou seja, um bloco consolidado, com Justino Mártir em Roma, esse agrupamento estava quase se concretizando.

C. H. Turner, citado por McNeile, descreve bem a posição dos quatro Evangelhos no contexto cristão da época: “Tão cedo quanto se sentiu e cresceu a necessidade de escritos autorizados, o sentimento cristão tomou os quatro instintivamente, como uma criança vai ao seio da mãe”.

O valor do agrupamento dos quatro Evangelhos em um bloco com autoridade se destaca ainda mais quando se nota que, antes mesmo da metade do século segundo, já circulavam o Evangelho segundo os Hebreus e o Evangelho dos Nazarenos

A Origem dos Evangelhos: Um resumo

Ano 64 d.C.: Em Roma, a sombra da morte de Paulo paira sobre a comunidade cristã. Mas em meio à tristeza, surge um novo lampejo de esperança: o Evangelho de Marcos. Escrito por volta do ano 65, este evangelho logo se espalha pelas mais longínquas regiões do Império Romano, servindo como base para duas obras-primas futuras.

Anos 80-90 d.C.: Inspirados pelo trabalho de Marcos, Mateus e Lucas traçam suas próprias narrativas da vida e ensinamentos de Jesus. Mateus, escrevendo em Antioquia da Síria entre 80 e 85 d.C., enfatiza a conexão de Jesus com as profecias do Antigo Testamento, enquanto Lucas, compondo seu evangelho na Grécia entre 85 e 90 d.C., dedica especial atenção aos marginalizados e à misericórdia de Deus.

Final do Século I d.C.: Em Éfeso, surge o Quarto Evangelho, conhecido como o Evangelho de João. Escrito por volta do ano 90 d.C., este evangelho apresenta uma perspectiva única e teológica profunda sobre a vida de Jesus, focando em sua divindade e na promessa de vida eterna.

Lucas: Uma Obra de Pesquisa e Memória:

Evidências sugerem que Lucas dedicou um tempo significativo à pesquisa e à coleta de informações para escrever seu evangelho. Ele viajou e entrevistou testemunhas oculares, buscando reconstruir com precisão a história de Jesus. Essa meticulosidade indica que a datação do final da década de 50 d.C para a conclusão de Lucas é plausível.

A Influência de Marcos:

Se, como muitos estudiosos acreditam, Lucas utilizou o Evangelho de Marcos como fonte principal para escrever o seu, isso implica que Marcos deve ter sido escrito antes do final da década de 50 d.C, possivelmente no início ou meados da mesma década.

Primeiras Evidências Históricas:

As primeiras evidências históricas corroboram essa visão. Irineu de Lyon, teólogo do século II, afirmava que Mateus teria escrito seu evangelho enquanto Pedro e Paulo pregavam em Roma, no início da década de 1960.

Hipótese da Prioridade Marcana: A crença de que Marcos foi a principal fonte para Mateus e Lucas é conhecida como “Prioridade Marcana”. Essa hipótese é baseada em diversas similaridades entre os evangelhos, como a ordem dos eventos e a linguagem utilizada.
Datação de Mateus: A datação precisa de Mateus ainda é debatida, com estimativas variando entre o final da década de 50 e o início da década de 80 d.C.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FLUSSER, D. Jesus. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002

BITTENCOURT B. P. — O Nôvo Testamento: Cânon; língua; texto. São Paulo. Aste. 1965.

ANGLADA, Paulo Roberto Batista. Manuscritologia do Novo Testamento -história, correntes textuais e o final do Evangelho de Marcos. Ananindeua: Knox Publicações, 2014.

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