Bom pai e boa mãe Winnicott

Aplicando a Teoria de Winnicott na Criação dos Filhos

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A teoria de Winnicott, desenvolvida pelo renomado psicanalista britânico Donald Winnicott, oferece valiosas orientações para pais e mães na criação dos filhos. Seu foco está na importância dos cuidados maternos e paternos autênticos e sensíveis, bem como na criação de um ambiente propício para o desenvolvimento saudável da criança. Observe os principais conceitos da teoria de Winnicott e forneceremos orientações práticas baseadas nesses princípios para auxiliar os pais em sua jornada de parentalidade.

A Mãe Suficientemente Boa


Para Winnicott, uma “mãe suficientemente boa” não é uma mãe perfeita, mas sim uma mãe que é capaz de proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para seu filho. Essa mãe é capaz de atender às necessidades básicas do bebê, como alimentação, conforto e proteção, de maneira consistente e amorosa. Algumas características dessa mãe incluem:

  • Presença e Disponibilidade: Ela está emocionalmente presente e disponível para o filho, oferecendo segurança e suporte quando necessário.
  • Respostas Adequadas: Ela consegue responder de forma adequada e sensível às necessidades e sinais do bebê, ajudando-o a se sentir compreendido e valorizado.
  • Facilitação do Desenvolvimento: Ela proporciona um ambiente que permite ao bebê explorar, brincar e desenvolver sua individualidade de maneira segura.
  • Suporte à Frustração: Ao permitir que o bebê enfrente pequenas frustrações, ela ajuda no desenvolvimento da resiliência e na capacidade de lidar com desafios futuros.

Ambiente facilitador: As Rotinas e Limites

A importância do ambiente facilitador:
Winnicott enfatizou a necessidade de um ambiente facilitador para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança. Isso implica em criar um ambiente seguro, estável e amoroso, onde a criança possa explorar seu mundo, expressar suas emoções e desenvolver uma sensação de confiança básica. Alguns pontos-chave a serem considerados pelos pais incluem:


a) Presença e disponibilidade emocional: Esteja presente para o seu filho e demonstre interesse genuíno em suas experiências e sentimentos. Responda às suas necessidades emocionais, oferecendo-lhe um suporte afetivo consistente.

b) Estabelecimento de limites e rotinas: Estabeleça limites claros e consistentes, fornecendo uma estrutura segura para a criança explorar o mundo ao seu redor. Além disso, crie rotinas diárias que promovam a previsibilidade e a sensação de segurança.

c) Brincadeira e criatividade: Incentive a brincadeira espontânea e a expressão criativa do seu filho, oferecendo-lhe brinquedos adequados à sua faixa etária e tempo para explorar sua imaginação.

A importância da experiência de holding:

Winnicott introduziu o conceito de “holding” (segurar) para descrever a experiência emocional e física que os pais fornecem para a criança. O holding envolve uma resposta atenta e cuidadosa às necessidades físicas e emocionais do bebê, permitindo-lhe sentir-se seguro e protegido. Aqui estão algumas orientações relacionadas ao holding:
a) Contato físico e proximidade: Ofereça contato físico amoroso e abraços reconfortantes para criar uma sensação de segurança. Isso pode ser alcançado através do toque gentil, carícias e abraços.

b) Sintonia emocional: Esteja atento às necessidades emocionais do seu filho e responda de forma sensível. Demonstre empatia e valide seus sentimentos, auxiliando-o na regulação emocional.

c) Criação de momentos especiais: Dedique tempo para criar momentos especiais de conexão com seu filho, como contar histórias antes de dormir, brincar juntos ou realizar atividades que vocês dois apreciem.

A importância da transicionalidade:

Winnicott destacou a importância da transicionalidade na infância, que é a capacidade de se mover entre o mundo interno e externo do ponto de vista psicológico. Aqui estão algumas orientações práticas relacionadas à transicionalidade:

a) Objeto transicional: Encoraje seu filho a desenvolver um objeto transicional, como um cobertor ou um brinquedo favorito, que possa oferecer conforto e segurança durante momentos de transição, como dormir ou separar-se temporariamente dos pais.

b) Espaço de transição: Crie um espaço seguro onde seu filho possa explorar a transição entre o mundo interno e externo. Por exemplo, reserve um tempo para brincadeiras imaginativas e permita que ele crie seu próprio mundo de fantasia.

c) Estimule a autonomia gradualmente: À medida que seu filho cresce, ofereça oportunidades para que ele experimente pequenas doses de independência. Isso ajudará no desenvolvimento da autoconfiança e na capacidade de lidar com situações desafiadoras.

A Mãe Disfuncional


Por outro lado, uma “mãe disfuncional” é aquela que, por diversos motivos, não consegue atender de forma adequada e consistente às necessidades emocionais e físicas do filho. Isso pode ser resultado de diversos fatores, incluindo problemas psicológicos, estresse excessivo, falta de suporte social ou questões de saúde. Algumas características dessa mãe incluem:

  • Inconsistência: Respostas imprevisíveis ou inadequadas às necessidades do bebê, gerando insegurança e ansiedade.
  • Falta de Sensibilidade: Incapacidade de perceber e responder aos sinais e necessidades emocionais do bebê, levando a sentimentos de negligência e desamparo.
  • Ambiente Inseguro: Proporcionar um ambiente instável e imprevisível, onde o bebê não se sente seguro para explorar e desenvolver sua autonomia.
  • Exposição a Conflitos: Envolver o bebê em situações de conflito ou estresse familiar, impactando negativamente seu desenvolvimento emocional.

A teoria de Winnicott oferece uma perspectiva valiosa para os pais e mães na criação dos filhos, enfatizando a importância de um ambiente facilitador, da experiência de holding e da transicionalidade. Ao aplicar esses princípios em sua abordagem parental, você estará promovendo o desenvolvimento saudável e a resiliência emocional de seu filho.

Referências acadêmicas sobre criação de Filhos segundo Winnicott:

Bowlby, J. (1969). Attachment and loss: Volume 1. Attachment. New York: Basic Books.

Este estudo seminal explora a teoria do apego, que tem influências importantes na abordagem de Winnicott.
Winnicott, D. W. (1958). Collected Papers: Through Paediatrics to Psychoanalysis. London: Tavistock Publications.

Esta coletânea de artigos de Winnicott aborda uma ampla gama de tópicos relacionados ao desenvolvimento infantil e à parentalidade.
Stern, D. (1985). The Interpersonal World of the Infant: A View from Psychoanalysis and Developmental Psychology. New York: Basic Books.

Este livro explora a relação entre o bebê e os pais, destacando a importância do envolvimento afetivo e sensível dos pais no desenvolvimento do bebê, apoiando as ideias de Winnicott.
Lembrando que a leitura desses estudos acadêmicos fornecerá uma base sólida para uma compreensão mais profunda da teoria de Winnicott e sua aplicação na criação dos filhos.