Niilismo em Nietzsche

Compartilhe em sua Rede Social

Tratamos do tema do Niilismo não só na questão da crença no nada mas na possibilidade de do nada nos dizeres de Nietzsche alçarmos a construção do Novo Homem o Homem do Futuro

 

 1 – Introdução

O niilismo do latim nihil (nada), é uma corrente filosófica que, em princípio, concebe a existência humana como desprovida de qualquer sentido. Tendo sido popularizada primeiramente na Rússia do século XIX, como reação de alguns intelectuais russos, mormente socialistas e anarquistas à lentidão dos czares em promover as desejadas “reformas democráticas”.

Estudando o pensamento filosófico de Nietzsche, encontramos um vasto campo de estudo acerca do conhecimento humano. O niilismo está presente no conjunto das obras de Nietzsche. Para a Genealogia da Moral, O Crepúsculo dos Ídolos e o Anticristo se têm uma compreensão de um processo de advento e consumação do niilismo na história do Ocidente. No entanto, o filósofo não encontra na história do pensamento ocidental apenas conceitos negadores da existência. É de se ressaltar que ele dá vida a ideias que demonstram outra concepção da vida e do homem, portanto do entender sobre o que é niilismo.

 

2 – O Niilismo de Nietzsche

Para fundamentar o conceito de niilismo, temos que levar em consideração a crítica que o filósofo faz à moralidade cristã.  A  moralidade cristã está assentada na razão humana. Desta moralidade em uma visão metafísica, verifica-se que os primeiros sintomas do “niilismo passivo” são a noção de fraqueza e exaustão do espírito. O fim da crença é a consequência dessa inadequação, no qual os valores de uma cultura até então vigente se desfaz trazendo à tona o conflito interno. Trata-se de uma reação a todo juízo de valor e uma avaliação desse conceito, isso porque o valor das coisas, segundo a crítica do filósofo, parte sempre do existencialismo “vida”. Nietzsche afirma que ao valor que vigora não correspondia nem nunca correspondeu a nenhuma realidade. O valor passará a ser considerado valor a partir de quem o toma como tal. A ideia de valor é determinante para a compreensão do niilismo, desde Nietzsche à crítica heideggeriana (que não será neste trabalho abordada).

Para Nietzsche o niilismo se coloca em marcha desde o platonismo antigo, através de um sistema de valor articulado pelo homem que determina a modernidade. Entende que todo o valor que se encontra no cristianismo parte sempre de fora da natureza humana: é uma estética arbitrária baseada na introdução de outras culturas ou povos. O cristianismo é tratado pelo filósofo como doença, o principal sintoma do niilismo. Todos os valores do cristianismo são enraizados de fora, desse a tortura e o suplício da consciência, elementos de sua degenerescência, assim, o cristianismo passa a ser um tipo de decadência, relativa à sua estrutura originária e vindo a colaborar com a formação dos juízos de valores – como processo natural dos grandes períodos de crise da humanidade.

O processo de decadência e desvaloração do valor supremo (“Deus”) é concebido como o valor em mais alto grau pela metafísica  (aforismo 125 da obra “Gaia Ciência”). Portanto, a análise de oposição frente à noção de valor e crítica da história do pensamento ocidental desperta uma crise no humanismo. “Vontade de Poder” é impulso criador, na qual deita suas raízes no âmbito da decadência e que, como particularidade profunda do “Ser”, representa uma condução à “transvaloração de todos os valores”, uma vontade de potência que se transmuda em vontade de poder, se enche e infla o homem de vida. A essa identificação da vontade à vida nos fala Nietzsche na obra “Assim Falava Zaratustra”:

“(…) Só sinto alegria da minha vontade, a alegria do engendrar”.

A representação da potência no indivíduo chama a atenção nesse aspecto de um movimento que a realiza e a desdobra no seu acúmulo de força em energia à vontade de poder. Transvalorar é a autoconsciência em que chega o homem sobre a “morte de Deus”. Essa autoconsciência traz à vida a eclosão da crise – supera-se o valor “Deus” para instaurar uma nova ordem em que o homem seja a medida de valor para a vivência no mundo.

Para Nietzsche o desenvolvimento (leia-se amadurecimento) da consciência niilista se alicerçou na análise da conduta do homem, no platonismo e no cristianismo. A sua revelação como fenômeno é o desdobramento final ao se tornar problema metafísico.

 

Em sua origem histórica, o niilismo passa a ser causa de fenômenos decorrentes a contemporaneidade, sendo consequência direta de uma concepção de mundo instaurada e estabelecida como central no âmbito das questões humanas. Firma uma tendência em romper com a tradição filosófica e cristã, evidenciando-se  a partir do século XVIII a caracterização como o século da revolta: Os homens se insurgem contra a figura divina o que na descrição de Camus quer dizer com a negação de Deus –  o homem assume a responsabilidade por suas próprias ações. A crítica da representação do Deus como fundamentador da cultura é o eixo temático em que Nietzsche vai formulando um juízo acerca da compreensão do niilismo, ao considerar o nexo da morte de Deus e a decadência (ele assume uma compreensão lógica e filosófica sobre o que é niilismo).

O conjunto da obra de Nietzsche apresenta outros desdobramentos do niilismo, ao identificá-lo como: passivo e ativo. O primeiro modo de niilismo é identificado como passivo,  inclina o pensamento à observação do que na atmosfera de pessimismo e decadência aparece na obra: Nascimento da Tragédia. Pode-se considerar o primeiro aparecimento do niilismo no conjunto das obras de Nietzsche.

Em sua análise da decadência, a sociedade e a literatura representam o niilismo. Esse fio condutor estabelece o nexo para a análise psicológica da decadência como a força que impulsiona essas tendências a se mostrarem, denotando duas atitudes: moral/política e psicológica.

A elevação dos sentimentos pessimistas de um homem que não consegue mais creditar na fé às potências da vida é o início para a desconstrução do pensamento vigente. Entretanto, este é apenas um passo no caminho da reflexão dos fenômenos do niilismo. O gozo passivo da arte decadentista é permanecer em um círculo vicioso.  O seu esforço exige e prescinde do fato de que o niilismo deve ser superado. A crítica aos idealistas pós-kantianos reside exatamente no fato de tomarem como a verdade à epígrafe kantiana do conhecimento a priori das coisas.

A interpretação essencial que viria culminar na aparição do niilismo como fenômeno é a frase basilar da filosofia de Nietzsche: “Deus está morto” – O “deus cristão”. O sentimento fundamental dessa frase é vincular a ideia do Deus cristão como representação do platonismo. Ele é a partícula central do platonismo – o suprassensível e todos os conceitos que o integram: ideia, princípio, norma, regra, fim e valor. Essa representação trazida desde Platão traz a compreensão de que o niilismo é processo histórico e metafísico circunscrito pelo rumo tomado no modo de pensar do homem ocidental. O elo que existe entre platonismo e niilismo pode representar para Nietzsche o acontecimento da história do ente que caminha para seu fim.

Os valores da tradição a partir dessa crise identificada como o niilismo, se faz, não somente como mera figura de linguagem, mas serve para identificar a figura de Deus como representação do suprassensível.

Compulsando os informativos, a leitura das primeiras produções do filósofo aponta vários elementos que vistos em conjunto trazem como características do niilismo: o “Artista Trágico”, o “Espírito Livre” e o “Além do Homem”.

 

Quando Nietzsche observa a sociedade em seu século XIX ele observa que o progresso levaria ao bem (bem no futuro). Este pensamento ele chamou de niilismo reativo. Para as definições de niilismo nos utilizamos das interpretações do francês Gilles Deleuze a respeito da obra nietzschiana. Cite-se à Obra Nietzsche do referido autor:

“Precisemos, no caso do homem, as etapas do triunfo do niilismo. Estas etapas foram as grandes descobertas da psicologia nietzschiana, as categorias de uma tipologia das profundidades: 1º. O ressentimento: é o teu erro, é o teu erro. Acusação e recriminação projectivas. É por tua causa que sou fraco e infeliz. A vida reactiva subtrai-se às forças activas, a reação deixa de ser <<agida>>. A reação torna-se qualquer coisa de sentida, <<ressentimento>>, que se exerce contra tudo o que á activo. Enche-se a acção de <<vergonha>>: a própria vida é acusada, separada do seu poder, separada do que pode. O cordeiro diz: eu poderia fazer tudo o que a águia faz, tenho mérito em impedir-me que a águia faça como eu… 2º. A má consciência: é o meu erro…(…).  Momento da introjeção. Tendo tomado a vida como um engodo, as forças reactivas podem voltar a ser elas mesmas. Mas, assim, elas dão o exemplo, fazem com que a vida inteira venha juntar-se a elas, adquirem o máximo de poder contagioso – formam comunidades reactivas. (…)” 3º. O ideal ascético: momento da sublimação. O que a vida fraca ou reativa vale é afinal a negação da vida. A sua vontade de poder é a vontade de nada, como condição do seu triunfo. Inversamente a vontade de nada só tolera a vida fraca, mutilada, reactiva: estados vizinhos de zero (…). Esta é a aliança de Deus – Nada e do Homem – Reactivo. Tudo está invertido (…)” (DELEUZE, 2001, fls. 25).” (…)

 

“As etapas precedentes do niilismo correspondem, segundo Nietzsche, à religião judaica, depois à cristã.  Mas esta foi preparada pela filosofia na Grécia (…). Mas o niilismo não para aí e prossegue um caminho que faz toda a nossa história” (idem, 2001, fls. 26).(…)

 

“4. A morte de Deus momento da recuperação (…). Quer a consequência lógica desta morte: tornar-se ele próprio Deus, substituir Deus. A ideia de Nietzsche é que a morte de Deus é um grande acontecimento barulhento, mas não suficiente. (…) O niilismo significaria até há pouco depreciação, negação da vida em nome dos valores superiores. E agora: negação dos valores superiores, substituição dos valores humanos – demasiado humanos (a moral substitui a religião; a utilidade, o progresso, a própria história substituiu os divinos). 5. O último homem e o homem que quer morrer: momento do fim. (…) Á saída dos Homens superiores, surge o último-homem, àquele que diz: tudo é vão, é preferível extinguimo-nos passivamente. É preferível um nada de vontade a uma vontade de nada (…). Para além do último existe, pois, ainda o homem que quer morrer. E neste ponto de culminação do niilismo (Meia-Noite) está tudo pronto, – pronto para uma transmutação.” (idem, 2001, fls. 27).(…)

(…)A transmutação de todos os valores define-se assim: um devir activo das forças, um triunfo da afirmação na vontade de poder. Sob o reino do niilismo, o negativo é a forma e o fundo da vontade de poder; a afirmação é apenas segundo, subordinada à negação, recolhendo e carregando os frutos do negativo (…). A transmutação significa inversão das relações afirmação-negação. Mas vê-se que a transmutação só é possível à saída do niilismo (…).”

Assim, vê-se que para Nietzsche o niilismo é ferramenta, é meio (não um fim em si mesmo). É um mecanismo engendrado para a consecução de seus fins: o poder da vontade.

Deleuze continua:

 

“(…) Foi preciso ir até ao último dos homens, depois até o homem que quer morrer, para que a negação voltando-se por fim contra as forças reactivas, se torne ela própria uma acção e passe ao serviço de uma afirmação superior e onde surge a fórmula de Nietzsche: o niilismo vencido, mas vencido por ele próprio…). (idem, 2001, fls. 28).

Logo, não podemos considerar Nietzsche como um niilista, pois o que ele denomina de niilismo é na verdade, um passo para a transmutação, e não para o nada.

Existem diferenças quanto à perspectiva niilista entre os autores posteriores a este autor. Para Nietzsche niilismo reativo é de certa forma uma reação primária no viés da vida futura metafísica. Porém essa atitude em matar Deus, faz com que o positivismo tome o seu lugar gerando outro tipo de negação agora para o futuro terrestre concebido na razão emancipada. Assim o que se revolta pratica as mesmas obras do alvo de suas críticas. Tinha uma perspectiva que se representava em uma representação Dionisíaca (deus do vinho, dos impulsos) – como seres psicossomáticos – que não podem ser negados em razão de serem corpos também com uma tendência ao espiritual: Apolíneo (determinação para a serenidade, razão). Estes dois aspectos agiam no homem de maneira espontânea, sem as complicações de um pensamento de uma moral vinculada ao mundo superior. Nesta perspectiva de esperar o mundo superior, nós negaríamos a vida (a vida será melhor no futuro).

Para Nietzsche havia o niilismo negativo, passivo e ativo.

No niilismo negativo, a vida perfeita será no mundo superior. Daqueles que acreditam que a vida perfeita será em outra esfera (vinculado à religião, ao ascetismo). Aqui você não vive, não age como a contingência que a vida exige.

No niilismo passivo que é aquele que diante da vida se percebe: que o mundo está passando, que não existe uma perspectiva e que não há  um prêmio a se alcançar. Para que buscar os bens? Para que buscar a justiça? Se comemos e bebemos e no final da vida seremos aniquilados. Se a vida não tem sentido para que a viver. Se “Deus não existe tudo é permitido”. Nietzsche entende que as pessoas usam isto para fazer o que querem. Esta é a “Lei de Deus e Alegria dos Homens” (…) “Faz o que tu queres que há de ser tudo da lei” (…) (música: Sociedade Alternativa -Raul Seixas). Talvez, Schopenhauer compartilhasse com este tipo de niilismo (neste momento, não faremos esta afirmação ou colocação de dúvida).

Finalmente, temos o niilismo ativo, que é àquele que como o niilista passivo percebeu que o mundo não tem sentido nenhum. Nietzsche, talvez, se denominasse desta maneira. De fato, pesquisei e não cheguei a nenhuma conclusão. Para o niilista ativo é necessário viver a vida de tal maneira que ele “arregace as mangas” e faça – viva de maneira intensa – o mundo é um ciclo ininterrupto. É um Eterno Devir (como diriam os pré-socráticos). Ele (o ativo) tem que viver intensamente hoje (sentir o vento bater no rosto, sentir o sabor dos alimentos, a pele e o frescor de uma mulher, etc.), Se não o fizer estará negando o mundo. Nietzsche quer cair num buraco sem sentido de peito aberto e dançando diante do caos. Por isso, Nietzsche abomina os covardes, pois os que adotam o niilismo – que não seja este niilismo ativo – estão sendo covardes diante da vida. Nietzsche diz que não se assombra diante da vida e da modernidade, porque se não existe Deus e sendo que a vida não tem sentido, “às favas” com este “deus incorpóreo”, eu é que crio os meus valores. Recebo os “golpes” da vida, mas EU “sinto” ( isto é importante para Nietzsche).

Para entender o pensamento niilista,  precisamo-nos nos valer da proposição de que Deus morreu, porque a sociedade não está mais seguindo a sociedade medieval  teocrática – os filósofos iluministas já trouxeram ( e alcançamos) o status da razão e com ela a ciência acabou por trazer tantos benefícios, como a aniquilação de tantas pestes que “matavam a rodo”, que se perdeu a necessidade do mundo teocrático e que o “Deus” provedor existe –  O  Homem não precisa de deus, e aí pegamos “gancho” nos físicos dizendo que a evolução cósmica não precisa de Deus (por exemplo, a descoberta recente da chamada “partícula de Deus”). Também desde o evolucionismo de Charles Darwin ficamos com a aceitação da evolução natural. Também para Nietzsche se não há a necessidade de Deus na cabeça do Homem então ele não precisa de Deus.

E se Deus existe? Para os teocratas que adotam por definição um ser transcendente, uma emanação eterna que age em um mundo inserido num tempo presente, o mundo de Nietzsche será uma abominação completa. Não há para o filósofo linearidade na vida. Ele acredita no DEVIR. Não há apocalipse para o começo do eterno. Para o cristianismo ela é promulgada pelo tempo através das escrituras (o homem vive inserido no tempo). Por outro lado, para os cientistas o homem também está inserido cronologicamente no tempo – “Teoria do Bigben” (em algum tempo no espaço surgiu algo…).

Na doutrina judaica, Deus é incorpóreo – O Salmos para os cristãos diz  e cita em algumas passagens de maneira metafórica (ou não) que Deus tem olhos, alma, talvez, por isso o uso de imagens? Santos?

Para Spinoza Deus é um ser incorpóreo. É a natureza. Limitemo-nos aqui.

Jesus talvez fosse um niilista cristão no sentido passivo.

Se o cristianismo é o platonismo do povo, e se inseriu em todos os meandros da sociedade, os valores começaram a mudar, pois os valores mudam pelo povo e não pela elite (que é uma cúpula muita pequena). Os fracos mudaram os valores dos fortes e o Cristo Redentor que veio trazendo a salvação dizendo que “os pobres de espírito terão o reino dos céus” e que “os pequeninos terão a revelação do Pai” e ainda que “o mais forte deveria servir o mais fraco”, enfim, todo o pensamento de cristo é contrário aos valores dos fortes e acabou por gerar para Nietzsche perspectivas débeis, medíocres e que fez com que a sociedade se tornasse o que é, ou seja, pessoas aprisionadas esperando o PORVIR, mas negando o agora, negando à vida. Neste sentido a crítica de Nietzsche é válida. Para Nietzsche a pessoa deve viver o aqui e agora. Ele deve acreditar em algo que é autêntico. Não se deve se autoflagelar no presente.

Por outro lado, quando de uma leitura linear do livro Anticristo em que Nietzsche crítica Paulo de Tarso , em que ele (Paulo) diz que quando: “eu sou fraco aí é que eu sou forte”, talvez, hoje, entendamos que não houve uma exaltação da fraqueza, mas da autenticidade, ou seja, mesmo que eu seja fraco eu sou forte. Não fecharemos o assunto. Por outro lado, numa perspectiva autêntica, talvez o platonismo não seja a influência do platonismo e sim do judaísmo (já vi assertivas neste sentido).

De Paulo de Tarso: “Tome a sua cruz e siga-me”. Não seria uma conduta de consciência para estar de volta à vida, pois  não sabemos da perspectiva de Cristo escrita por Cristo.

O fato, é que o universo vai findar um dia, o DEVIR de Nietzsche em algum momento chegará a termo. Daí o eterno devir, ser um devir transitório que devamos aproveitar intensamente. Mas, talvez, sem a coragem nietzschiana, cairemos no niilismo negativo. O Super-Homem morrerá? A expectativa de vida dá mais vida ainda? O mundo transcendente não deve fomentar a vontade do fraco – independente da perspectiva do fim? Caos? Não sabemos.

3 – Tudo é permitido?

 

Essa frase é frequentemente citada, porém nunca aparece dessa maneira. Ela é na verdade uma forma parafraseada de um trecho do livro onde narram a respeito de um artigo que o personagem Ivan Karamazov acaba de publicar em uma revista… “(…) ele (Ivan Fiodorovitch Karamazov) declarou em tom solene que em toda a face da terra não existe absolutamente nada que obrigue os homens a amarem seus semelhantes, que essa lei da natureza, que reza que o homem ame a humanidade, não existe em absoluto e que, se até hoje existiu o amor na Terra, este não se deveu a lei natural, mas tão-só ao fato de que os homens acreditavam na própria imortalidade. Ivan Fiodorovitch acrescentou  que é nisso que consiste toda a lei natural, de sorte que, destruiu-se nos homens a fé em sua imortalidade, neles se exauriu de imediato não só o amor como também toda e qualquer força para que continue a vida no mundo. E mais: então não haverá mais nada amoral, tudo será permitido, até a antropofagia. Mas isso ainda é pouco, ele concluiu afirmando que, para cada indivíduo particular, por exemplo, como nós aqui, que eventualmente não acreditemos em Deus nem na própria imortalidade, a lei moral da natureza deve ser imediatamente convertida no oposto total da lei religiosa anterior, e que o egoísmo, chegando até ao crime, não só deve ser permitido ao homem, mas até mesmo reconhecido como a saída indispensável, a mais racional e quase a mais nobre para a situação (…)”.

Durante uma célebre passagem, em que Ivan narra a seu irmão Aliéksiei uma poesia que esta escrevendo, intitulada O grande Inquisidor, este inquisidor, ao se deparar com Jesus que acaba de voltar a terra, questiona: “(…) Será que não pensaste que ele (o Homem) acabaria questionando e renegando até tua imagem e tua verdade se o oprimissem com um fardo tão terrível como o livre arbítrio? (…)”.

Muito mais à frente no livro, Ivan considera a outra possibilidade. Se Deus não existir, e a religião fosse extinta de todas as formas, o que aconteceria?”(…) Quando a humanidade, sem exceção, tiver renegado Deus (e creio que essa era virá), então cairá por si só, sem antropofagia, toda a velha concepção de mundo e, principalmente, toda a velha moral, e começara o inteiramente novo. Os homens se juntarão para tomar da vida tudo o que ela pode dar, mas visando unicamente à felicidade e à alegria neste mundo (…)”.

A ausência de crença pode ser boa e levar a coisas boas. Devem existir ateus niilistas. Mas será que um religioso não pode ser niilista, em razão de não viver o presente de forma responsável aguardando a próxima vida?

O ser humano é um ser essencial e desta vida e devemos viver com este movimento que Nietzsche alude.

Nossa vida aqui neste planeta é como aquelas “massinhas de modelar”, cada um tem o poder de dar o formato que quiser, porém a sociedade em que vivemos nos modela em muitas coisas, mas acho que os que sabem que estão sendo modelados já estão na vantagem, pois a maioria pensa que é livre. Acreditemos que pior que ser escravo é pensar que se é livre.

Sistemas religiosos é o ópio do povo para fazer esquecer que talvez, de fato, a vida não tenha sentido nenhum. Vivemos num estado de esquecimento. É o que apesar de tudo que se vê nas manipulações religiosas é que elas muitas das vezes fazem um dano enorme a tal ponto de não sabermos quem somos. Se nos apegarmos a nossos conceitos puramente morais e vivermos o presente, quiçá, possamos conscientemente nos posicionar na vida.

A situação é precária. Enquanto acreditávamos em nossos sistemas religiosos, nós achávamos que estamos seguindo algum tipo de percurso. Não vimos este percurso. Não há ordem. A ordem que existe é que “não mecham com os escravos” – “deixem que eles trabalhem” – temos nossos brinquedos (televisão, computadores, videogames). Procuramos alguns caminhos que nos deem prazer para dar sentido à vida que seguimos. Não há percurso a ser seguido. Somos pequenos, desprotegidos, deprimidos. Se você consegue, hoje, suprir minimamente suas necessidades secundárias você fará o possível para esquecer estes problemas.  Também nosso sistema político é uma ilusão, pois não temos mais a venda da ditadura (nossas mentiras) que nos possibilite nosso viver. O fato é que quando há pessoas que dependem de você, é por necessidade o fato de se suprir e esquecer a falta de sentido, por isso buscamos alguém como razão de nossas vidas. Assim, por aqui, se os sistemas religiosos são uma piada o nosso sistema político também o é, nos sobra à questão da maturidade. Será que a nossa condição mental não é frágil, desequilibrada por algum motivo, que não nos permita ser maduros, cônscios e independentes?

Aqui cabe uma observação. Descobri que Nietzsche não é Feuerbach que desenvolve uma teoria da alienação religiosa.

4 – Problemática do Futuro

 

Definir niilismo depende muito da relação de verdade que se baseia. Sobre Vontade de Verdade, cumpre lançar o que dispõe às fls. 56 a 58 o que dispõe Gilvan Fogel sobre o conhecimento na obra “Para Além do Bem e do Mal”:

 “Observe-se que a pergunta de Nietzsche não é o que é verdade”? Ou: o que é conhecimento? Não. Ele pergunta: para que verdade? Para que conhecimento? Por que verdade, por que conhecimento? É perguntado desse modo e nessa direção que se interroga pelo “valor” da verdade e respectivamente do conhecimento. Perguntado pelo valor da verdade e do conhecimento, de fato se está perguntando qual o interesse de verdade e de conhecimento? Por que e para que?, isto é, qual o interesse da representação certa e segura? (FOGEL, D.2005, fls. 56).(…)

(…) “É como se Nietzsche estivesse sub e “co-perguntando”“. O que quer realmente a vontade de que quer verdade e conhecimento? Isto é qual a causa desse impulso para a verdade, para o conhecimento? Isto é: qual a causa desse impulso para a verdade, para o conhecimento? Isto é: qual a causa desse impulso para a verdade, para o conhecimento, para o saber (…)” (FOGEL, D. 2005, fls. 58).

Este impulso para a verdade pode levar a degeneração fisiológica, que pode ser pensada como modo de decadência. Faz parte do seu processo. A degeneração seria uma indicação de que a tentativa de conservação da espécie pela elevação do impulso único caracterizado na unidade estaria entrando em declínio. O fenômeno do niilismo deveria representar um ataque, que talvez, desmontasse toda a cultura (lato sensu) atual.

Fato. O homem chegou ao século XIX com a ideia de um juízo negativo da realidade para o filósofo. Com os séculos XX vivenciou e o século XXI está vivenciando esta crise niilista. Muitos filósofos trabalham  e  formulam juízos para uma saída. Mas será que há saída? Não sabemos. Hoje, qualquer pensamento que se instale pode estar condenado ao niilismo, na proporção que os juízos formulados continuam sendo validados por uma cultura dogmática de caráter moral, e por que não dizer positivista. O niilismo está cercado sem definição atual, pois não aniquilamos os valores antigos (crença em um ser superior), pior, os incrementamos, quiçá, intencionalmente pela ciência moderna. Se em Deus não está a morte, e a neutralidade científica não existe, ficamos no limbo – “na bacia das almas”.

Jean Marc Lévy-Leblond em discurso proferido quando recebeu o prêmio concedido por sua academia (premio Thibaud), trata do interesse atual das ciências, relegado o seu destino e sua utilidade:

(…) “Porém nada mais distante de mim do que insinuar que a ciência, a pesquisa, não serve para nada; estou convencido, ao contrário, de que são muito úteis. Somente que não servem em absoluto àquilo e àqueles a quem pretendem servir. A atividade científica, como qualquer outra, não é separável do conjunto do sistema social em que se pratica. Como as demais estão orientadas, principalmente, com vistas a garantir a perpetuação ou ao menos a sobrevivência, deste sistema” (…) Finalmente, o último serviço prestado pela ciência a esta sociedade, assegura a colocação no palco destes novos jogos de circo com os quais se pretende entreter as multidões e aliená-las dos problemas sérios: como considerar de outra maneira a corrida à lua e estes robôs pisando o pó lunar ao preço de milhões de dólares que representam o suor e o sangue de milhões de homens a quem se atira, como ração, este espetáculo!”“ (1)

O caráter da filosofia passa a julgar a vida, humanizar a natureza, iluminar a escuridão do mundo com a luz tênue da razão. No lugar ao filósofo mediador, que recria os valores, surgiu o filósofo metafísico. Sócrates é o responsável pela divisão na consciência entre o aparente e o real. Nas suas conversas e perambulações descobriu que os homens não tinham conhecimento seguro de suas atividades, não resistiam à sua dialética e a sua maiêutica, eles agiam apenas por instinto O instinto passa de força criadora a ser crítico. Sócrates teve que pagar por sua audácia e sua serenidade diante da morte, mas,  tornou-se um exemplo, um novo ideal da juventude ateniense. Nietzsche também faz  crítica a Sócrates no livro O Crepúsculo dos Ídolos.

Os elementos representados como forma de pessimismo, como no exemplo acima a respeito do caminho que segue as ciências, já tinha sido representada por Nietzsche como formas de pessimismo e decadência. Para o filósofo a moral cristã era vista como condenação da existência. Ele enquadra neste sistema de pensamento os valores superiores da realidade científica, o descritivo do mundo “verdadeiro”. Assim, se viver na moral é viver dentro de uma falsa hipótese de vida, e se não nos desvencilhamos das proposições dogmáticas, é certo que ainda não nos libertamos. Hoje, pior a ética e a moral não conversam entre si. A panaceia da velocidade da informação transmuda o que é moral do que não é moral em instantes. Estamos vivendo uma “pandemia” de decadência. A Ética, sem sentido, a moral “elástica”. Nietsche poderia ter previsto o fenômeno do “homem massa” – este escravo moderno – produto do midiático. Será? Neste estágio não há juízos para a nossa conduta, pois conduta implica em poder volitivo. Não há finalidade, pois não há consciência do que se quer. Citemos Nietsche:

“Portanto a desilusão com um pretenso fim do devir como causa do niilismo: seja com relação a um fim determinado, seja generalizadamente, o entendimento da insuficiência de todas as hipóteses de fim até hoje que concernem a todo desenvolvimento” (N. 2008, p.31) (…) Com o devir, nada deve ser alcançado e que, sob o devir, não impera nenhuma grande unidade na qual o indivíduo deve submergir completamente como em um elemento de um supremo valor: resta então, como subterfúgio, condenar todo este mundo do devir e inventar um mundo que fica além do mesmo como verdadeiro manco” (N.P.32).

Talvez, consigamos com a ideia de devir do filosófico em que o valor não deva ficar condicionado à indicação de um valor supremo (no caso deus), mas poderemos fazer uma releitura e o transmudá-lo para a aplicação nas populações situadas em Estados e Grandes Corporações.

Para Nietzsche a radicalização de uma forma de pensamento ao torná-lo aquilo que fundamenta e determina a realidade continua sendo uma condenação. Os símbolos – códigos cotidianos – têm efeito de proteção contra o fundo – nada (o caos). “Trata-se de ser a “consciência” uma crença”. Dessa forma, os signos abreviam as pulsões em sua intensidade e a consciência se torna responsável por dar o valor supremo da vida, um erro que identifica Deus como “consciência total “. Iluminismo, Idealismo alemão, positivismo é para Nietzsche a confirmação da substituição de um hábito por outro, a substituição da “autoridade da consciência” pela “autoridade da razão”. Com essa forma de pensar a causa do niilismo como crença nas categorias das razões – incidimos sobre a forma extrema do niilismo: todo “ter por verdadeiro” é falso.

O que é proveitoso constitui o valor. O homem é o criador de valores, mas se esquece de sua criação. A moralidade é o instinto gregário do indivíduo. Quem é punido é quem pratica os atos. Na sociedade, existem os instintos de rebanho. Atribuem-se as palavras um sentido fixo e acham que ela espelha a realidade, que tem caráter transitório. O homem chega pelos costumes à convicção de que é preciso obedecer. No inverso disso, existe o prazer, a autodeterminação e a liberdade de vontade. O espírito livre revolta-se contra a crença. Para libertar-se, é preciso um longo processo de abandono de hábitos e comodidades.

5 – Conclusão

 

O Niilismo filosófico não é somente a ausência de finalidade e resposta a um porquê? Niilista não é necessariamente um ateísta. Este é um estereotipo que pode desconsiderar qualquer coisa que uma pessoa queira dizer. Na verdade, o niilismo tem uma definição um tanto flexível. Não é uma definição só. Não é um determinismo. Tudo é sacudido e posto em discussão. Somente pode ser considerado genuinamente negativo porque prevalece o traço destruidor, como a decadência do fisiológico. Cumpre, por fim, fazer a seguinte distinção: Ceticismo moral é a mesma coisa que niilismo moral e relativismo moral? O Dicionário Oxford à filosofia identifica bem estas distinções, sendo o There are no fixed definitions in philosophy, as a good philosopher always begins with defining his or her terminology.”ceticismo moral” de dois tipos, sendo o interno literalmente como:

“The “internal” kind finds it “a mistake in moral judgment to make certain kinds of moral evaluation or criticism,” or perhaps any kind of moral judgment at all, generally due to a belief that something required for morality does not actually exist” (Oxford Dictionary)

 O tipo interno considera um erro de julgamento moral  fazer certos tipos de avaliação moral ou crítica, ou talvez qualquer tipo de julgamento moral em tudo, geralmente devido a uma crença de que algo necessário para a moralidade não existe realmente. O tipo “externo” de ceticismo moral mantém algo mais ao longo da ideia de moralidade como estranho ou incoerente. Entendemos que os dois tipos de ceticismo são difíceis de distinguir. O dicionário define “niilismo”, como a ideia de que “não há justificativa para a moralidade”. Como a ideia de que a moral é culturalmente definida e pode mudar ao longo do tempo, e que “não existe nenhum ponto de vista de que estes códigos [culturais] podem-se ser avaliados.”. Embora o dicionário não aponte isso, o relativismo, muitas vezes (provavelmente com a mesma frequência), define-se como a ideia de que a moral de um indivíduo é decidida por sua consciência privada ou capricho, e mais uma vez, que não existe nenhum ponto de vista a partir do qual se possa julgar que a pessoa está certa ou errada. O ceticismo, niilismo e o relativismo, todos, fazem a sugestão de que a moralidade não é bem o que a maioria das pessoas pensam que é. Pode ser incompreensível (ceticismo), pode não existir de todo (niilismo), ou pode existir de alguma forma limitada que permita a discordância legítima entre os indivíduos e os grupos (relativismo).

Portanto, o conceito de decadência revigorado, se reafirma como uma necessidade da vida que regula as necessidades e vontades de uma volitilidade como questionamento pelo sentido da vida. O seu movimento passa a ser uma necessidade de um povo em relação à época que vive. E as consequências da decadência são caracterizadas pelo filósofo como desagregação da vontade, confusão entre causa e efeito e a consequência mais radical: o desprezo pela vida. O pensamento de Nietzsche precisa ganhar novos matizes e conceitos para pensarmos o niilismo e sua tentativa de recuperação e superação. Trata-se de um legado que nos foi deixado. Cabe aqui, a seguinte observação, extraída do livro Nietzsche, Filósofo da Suspeita da Prof. Dr. Scarlett Marton:

“(…) Com sua filosofia experimental Nietzsche dispõe-se a explorar e que acredita estar por vir”. O niilismo, que constata em sua época, consistiria na total ausência de sentido provocada pelo esboroamento dos valores fundados no outro mundo. O niilismo radical, que antecipa, deveria antes de mais nada fazer a crítica do fundamento mesmo desses valores. Levando-se às últimas consequências, seria possível chegar à afirmação incondicional de tudo o que advém (…) (M.Scarlett, 2010, fl. 88) (…)

“E assim se revela a estrita relação entre as duas vertentes de seu pensar, a face corrosiva da crítica dos valores, com a noção de valor e o procedimento genealógico, e a face construtivista da cosmologia, com o conceito de vontade de potência, a teoria das forças e a doutrina do eterno retorno do mesmo. Nietzsche, por certo, não acredita que o curso da história é determinado por necessidade objetiva. Mas, longe de ser um irracionalista, ele entende que não se pode separar os acontecimentos históricos dos valores que neles se expressam. Instrumento para diagnosticar os valores estabelecidos, a genealogia transforma-se em suas mãos, em poderosa arma de crítica e combate ao seu tempo – e ao nosso também. Mas, longe de ser um niilista, ele propõe uma nova concepção do homem e do mundo.” (SCARLETT. M., 2012, fls. 89/90)”.

Enfim, para ele o homem havia sido preso pelas suas crenças, inventadas e colocadas acima do real. Não devemos nos voltar para o além e o eterno, pois essa mistificação reduz o homem à condição de servo e destrói as fontes mais profundas da vida. No lugar dessas crenças, devemos reconhecer em nós e na história a “Vontade de Potência”, de Poder. Na teoria do eterno retorno, o mundo se alterna na criação e destruição, alegria e sofrimento, bem e mal. Em Zaratustra, Nietzsche é um defensor do virtuosismo, virilidade, contatos rústicos com a natureza e espírito guerreiro.

Neste sentido do niilismo, é discutível que as crenças niilistas são muito comuns hoje em dia, especialmente entre os filósofos. Muitas pessoas consideram uma declaração moral (niilista) como arbitrária, quero dizer, eles não decorrem de uma fonte eterna e infalível (como Deus) ou que não pode ser perfeita e absolutamente fundamentada na lógica inquestionável e razão. Na verdade, há tantas posições que podem, justificadamente, ser chamadas de niilistas morais ou éticas.

 

 

Referências:

ARALDI, C. Para uma Caracterização do Niilismo na Obra Tardia de Nietzsche – Cadernos Nietzsche – vol. 5, São Paulo. GEN, 1998;

DELEUZE, G. – Nietzsche – Ediçoes 70 – Tradução de Alberto Campos – Biblioteca Básica de Filosofia – Lisboa – Portugal, 2001;

DOSTOIEVSKI, F. – Os irmãos Karamazov. Círculo do Livro. São Paulo, Brasil. – Editora 34 -Tradução de Natália Nunes e Oscar Mendes – págs 109 e 533 com comentários consultados no Wikpédia;

GILVAN, F. – Conhecer é criar. Um ensaio a partir de F. Nietzsche. São Paulo – Editora Unijuí – Discurso Editorial – GEN – Grupos de Estudos Nietzsche, 2005;

(1)LEBLOND, Jean Marc Lévy – Sobre a Neutralidade Científica – Traduzido – Publicação em Lês Temps Modernes nº 288 – Julho/1970;

MARTON, N –  Filósofo da Suspeita. – 1ª edição -São Paulo – Casa do Saber (Casa da Palavra) – Junho de 2010;

NIETZSCHE, F. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. Trad. de J. Guinsburg – 2ª edição – São Paulo – Editora: Companhia das Letras, 2003;

NIETZSCHE, F – Assim Falou Zaratustra. Trad., de Paulo César de Souza – Editora – São Paulo – Editora: Companhia das Letras, 1993;

ONATE, A. M.. O crepúsculo do sujeito em Nietzsche ou como abrir-se ao filosofar sem metafísica. São Paulo – Editora INJUÌ, 2000;

OXFORD – Dicionário. Tradução Ted. Honderich. Oxford University Press – 1995 The Oxford Companion to Philosophy, ed.

 Autor: Fausto Nunes dos Santos

Servidor Público Federal Analista Judiciário – Bacharel em Direito. Especialista em Direito Administrativo. Especialista em Direito Contratual. Pós-Graduando Lato Sensu em Filosofia