Resenha: Além da Angústia

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1. Introdução: O Polímata e o Zeitgeist da Dor

Vivemos em uma era paradoxal: nunca tivemos tanto acesso a conforto e tecnologia, e, no entanto, os índices de vazio existencial e depressão galgam escalas alarmantes. É neste cenário de “modernidade líquida” que a obra Além da Angústia: A Jornada Existencial na busca por Deus aterra como um manifesto necessário.

O autor, Renato Rodrigues Borges, não é um teólogo de torre de marfim. Apresentando-se como um polímata com formação que transita da Filosofia e Pedagogia à Psicanálise e Neuropsicologia, Borges tece uma tapeçaria intelectual que une a frieza analítica da clínica terapêutica ao calor da revelação bíblica.

Escrito em um tom que oscila entre a confissão pessoal e o rigor acadêmico, o livro não se destina apenas ao religioso convicto, mas a qualquer “buscador inquieto” que, nas noites insones, encara o teto questionando o sentido de sua própria biografia. O contexto da obra é a contemporaneidade adoecida, marcada pelo que o autor chama de “geração ‘podres de mimados'” (BORGES, 2024, p. 129), incapaz de lidar com a frustração e faminta por significados transcendentes.

O livro organiza-se de maneira progressiva, quase como uma sessão de terapia que avança das camadas superficiais para as profundezas do inconsciente. Após uma introdução que estabelece o tom confessional, Borges divide seu argumento em dez capítulos densos, mas acessíveis.

A estrutura segue uma lógica cirúrgica:

  1. O Diagnóstico: Começa com a “Gênesis do problema” e a realidade do mal.
  2. A Análise do “Eu”: Passa pela dissecação do Ego e da consciência de pecador.
  3. O Diálogo com a Cultura: Confronta pensadores como Freud, Nietzsche e Bauman.
  4. A Cura: Culmina na proposta do Amor Divino e no “Salto de Fé” kierkegaardiano como única resolução possível para a angústia humana.

Renato Borges foge do lugar-comum da autoajuda gospel. A tese central é provocativa: o ser humano não sofre apenas por circunstâncias externas, mas por uma condição ontológica de separação do Criador, agravada por uma “Grande Conspiração” do próprio Ego.

A Conspiração do Ego e a Psicologia do Pecado

No capítulo “A Grande Conspiração”, o autor realiza uma fusão brilhante entre teologia reformada e psicanálise. Ele argumenta que a estrutura psíquica do Ego atua como um ídolo interno, uma “conspiração ontológica” que luta incessantemente para usurpar o lugar de Deus.

Borges utiliza Freud para explicar que somos movidos por processos inconscientes (mais de 80% de nossas ações), mas subverte a conclusão ateísta do psicanalista. Para Borges, o que Freud chama de mecanismos de defesa ou “mal-estar”, a teologia identifica como a natureza caída ou pecado. Será que estamos falanso do mesmo problema de pontos de vistas diferentes e não queremos assumir que nossa visão de mundo é o nosso ídolo? Declara o autor.

“A centralidade do nosso ego… uma conspiração ontológica em constante conflito com o Criador.” (BORGES, 2024, p. 52).

Essa leitura retira o pecado do campo meramente moralista e o coloca no campo existencial: pecamos porque nosso Ego tenta, desesperadamente e sem sucesso, fabricar a própria “luz” em um universo de trevas.

O Ressentimento e a Sociedade Líquida

Um dos pontos altos da obra é o diálogo travado no capítulo “O Ressentimento”. Aqui, Borges traz Nietzsche para a mesa, não para demonizá-lo, mas para usar sua ferramenta crítica ao apresentar o conceito de ressentimento contra a própria sociedade moderna. O autor sugere que a fluidez de valores contemporânea (pós-verdade) não é uma evolução, mas um sintoma de uma sociedade infantilizada e ressentida, que destrói verdades sólidas porque não suporta a responsabilidade que elas exigem.

“A contemporaneidade inventou a fluidez de valores para não ter que lidar com as responsabilidades dos valores éticos.” (BORGES, 2024, p. 113).

Borges costura Zygmunt Bauman e a narrativa bíblica de Jó para demonstrar que o ressentimento é o veneno que nos impede de enxergar a realidade. Enquanto o insensato se corrói na inveja, o sábio (como Jó) atravessa o deserto existencial e encontra Deus no turbilhão.

Contra o niilismo de Nietzsche e o materialismo de Marx, Borges elege Søren Kierkegaard como o guia filosófico final. A solução para a angústia não está na estética (prazer) nem na ética (regras sociais), mas no estágio religioso. O autor convoca o leitor a um “salto de fé”. A angústia, longe de ser algo a ser medicado e silenciado, é apresentada como o sintoma vital que nos alerta para a necessidade de transcendência. Sem Deus, a vida é uma “náusea” sem cura; com Deus, a angústia torna-se o prelúdio do encontro.

Você pode continuar consumindo a “alienação” que o autor denuncia — o entretenimento vazio, a busca por status e a “vida estética” que mascara o cheiro da morte. Ou você pode aceitar o convite de Além da Angústia para uma autoconfrontação.

O texto de Renato Borges é perigoso para quem deseja manter o status quo de sua vida espiritual. Ele desmonta a religiosidade cultural e estética (aquela dos ritos vazios) e exige uma espiritualidade autêntica. Se você aprecia autores que conectam Dostoievski, a Bíblia e a análise clínica da psique humana, esta leitura é mandatória.

5. Disponibilidade e Formatos

A obra está acessível para diversos perfis de leitores na Amazon, facilitando o acesso a este conteúdo transformador:

  • Kindle Unlimited: Para os assinantes, a obra está disponível gratuitamente. É a oportunidade perfeita para iniciar a leitura imediatamente sem custo adicional.
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  • Capa Comum (Paperback): Para os amantes da experiência tátil de folhear e grifar, a versão física tradicional está disponível.
  • Capa Dura: Uma opção robusta para colecionadores ou para presentear, garantindo maior durabilidade à obra na sua estante.

Não é apenas um livro, é um espelho. E espelhos, embora às vezes assustadores, são necessários para quem quer ver a verdade.

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6. Conclusão

Além da Angústia cumpre o que promete: leva o leitor para além. Para além das respostas fáceis do secularismo, para além da culpa paralisante e, fundamentalmente, para além do próprio Ego. Renato Borges entrega uma obra que é, ao mesmo tempo, um diagnóstico preciso da doença humana e a prescrição do remédio divino. Em tempos de verdades líquidas, este livro é uma rocha sólida.

Referências Bibliográficas

BAUMAN, Zygmunt. Vida de consumo: A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

BORGES, Renato Rodrigues. Além da Angústia: A Jornada Existencial na busca por Deus. 2. ed. Goiânia: Publicação Independente, 2024. Disponível em: https://www.amazon.com.br/Al%C3%A9m-Ang%C3%BAstia-Jornada-Existencial-busca-ebook/dp/B0CRR3642H.

FREUD, Sigmund. O Mal-estar na Civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

KIERKEGAARD, Søren. O desespero humano. São Paulo: Nova Cultura, 1988.

NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.