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Yuri Bezmenov: Subversão como Estratégia no Jornalismo e Educação

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A Subversão como Estratégia e Seus Impactos no Jornalismo e Educação no Brasil

Yuri Alexandrovich Bezmenov, mais conhecido pelo pseudônimo Tomas David Schuman, estudou ciência política na Universidade de Toronto; Nascido na União Soviética, Bezmenov começou sua carreira como agente da KGB, antes de desertar para o Ocidente. Após uma breve carreira na Canadian Broadcasting Corporation (CBC), onde trabalhou no serviço internacional transmitindo para a União Soviética, ele foi demitido em 1976 sob pressões diplomáticas. Em suas palestras e escritos, Bezmenov descreveu detalhadamente o método de subversão utilizado pelo regime soviético para manipular culturas e sociedades ocidentais, visando a desestabilização política e ideológica, uma ameaça ainda presente em várias democracias, inclusive no Brasil.

O Processo de Subversão em Quatro Fases

Segundo Bezmenov, a subversão soviética é um processo de longo prazo, desenhado para desmoralizar e desestabilizar uma nação-alvo. Este processo é dividido em quatro fases: desmoralização, desestabilização, crise e normalização.

1. Desmoralização

A primeira fase, desmoralização, é um processo de manipulação cultural e ideológica que dura cerca de 15 a 20 anos, ou seja, o tempo necessário para educar uma geração. O objetivo é infiltrar valores subversivos e corroer as fundações morais de uma sociedade. Instituições fundamentais, como a educação, a mídia e a cultura, são os principais alvos dessa fase. O sistema educacional é contaminado por ideologias que atacam valores tradicionais e promovem o relativismo moral.

Exemplo prático: No Brasil, podemos observar a influência de determinadas correntes ideológicas que, através da educação e da mídia, tentam distorcer conceitos como patriotismo, família e valores religiosos. O revisionismo histórico, por exemplo, reinterpreta episódios importantes da história do Brasil de forma a deslegitimar as bases culturais do país.

2. Desestabilização

Após a desmoralização, vem a fase de desestabilização, que dura de dois a cinco anos. Neste ponto, as instituições-chave de uma sociedade — economia, forças armadas e relações exteriores — são enfraquecidas. Políticas populistas ou polarizadoras podem ser introduzidas, exacerbando tensões sociais e minando a coesão nacional.

Exemplo prático: Em diversos momentos da história recente do Brasil, a instabilidade econômica foi intensificada por decisões políticas voltadas para favorecer a divisão de classes ou promover reformas inadequadas. Movimentos sociais, tanto à esquerda quanto à direita, polarizam o debate, o que desestabiliza ainda mais a nação. Assim, tratar de temas como valorização e inclusão de pessoas em estado de pobreza dá a impressão de que está relacionado a apenas uma orientação política, enquanto na realidade é uma questão social que cadidatos e políticos de esquerda e direita precisam apresentar propostas a fim de trazer uma solução.

3. Crise

A terceira fase é a crise, que pode ser desencadeada rapidamente. Grupos que foram incentivados a agir durante a fase de desestabilização — os “idiotas úteis”, segundo Bezmenov — tornam-se revolucionários e buscam mudanças abruptas, frequentemente resultando em revoluções, golpes de Estado ou guerras civis.

Exemplo prático: O Brasil, ao longo de sua história política recente, foi palco de diversas crises que culminaram em protestos de massa e movimentos sociais. Esses movimentos, muitas vezes, foram alimentados por narrativas subversivas que se distanciaram da verdadeira luta por reformas e passaram a ser instrumentalizados para promover mudanças bruscas no cenário político. Em tais momentos, as lideranças de movimentos sociais frequentemente perdem o controle do processo e são descartadas ou marginalizadas após o desfecho das crises.

4. Normalização

A fase final do processo é a “normalização”. Após a crise, o novo regime político busca estabilizar a sociedade, muitas vezes com uma fachada de tranquilidade, ao mesmo tempo em que aqueles que foram utilizados para desencadear a revolução ou crise (os “idiotas úteis”) são descartados. Grupos que outrora tinham influência sobre as massas, como artistas, jornalistas, ativistas e professores, tornam-se irrelevantes e são frequentemente eliminados ou silenciados, sendo considerados obstáculos ao novo status quo.

Exemplo prático: No Brasil, após momentos de crise política, podemos observar como determinados grupos que participaram ativamente da agitação inicial foram desconsiderados ou até reprimidos. Exemplos internacionais incluem figuras revolucionárias como Nur Mohammad Taraki e Hafizullah Amin no Afeganistão, que foram eliminados após sua utilidade para o regime marxista-leninista esgotar-se.

Impacto no Jornalismo e Educação no Brasil

A teoria da subversão descrita por Bezmenov tem aplicações práticas quando observamos o cenário brasileiro atual, particularmente nas áreas do jornalismo e da educação.

No campo jornalístico, a infiltração de ideologias extremas e a polarização da mídia tornaram-se evidentes. A mídia, sendo um dos pilares da informação pública, torna-se alvo fácil para campanhas de desinformação que visam manipular o debate público. Assim, jornalistas podem, muitas vezes inconscientemente, perpetuar narrativas que servem aos interesses de forças subversivas, seja ao exagerar problemas menores ou ao minimizar crises maiores, criando desinformação.

Na educação, o perigo da desmoralização também é palpável. Programas curriculares que afastam os alunos de um pensamento crítico balanceado para uma visão unilateral dos acontecimentos históricos ou sociais criam gerações que podem ser facilmente manipuladas. Professores, que deveriam ser os guardiões da pluralidade de pensamento, às vezes tornam-se agentes involuntários de uma agenda que visa desestabilizar a sociedade, introduzindo ideologias polarizadoras sem permitir espaço para o contraditório.

Considerações Finais

A análise de Yuri Bezmenov oferece um alerta profundo para as democracias ocidentais, inclusive o Brasil. Sua teoria da subversão mostra como um país pode ser gradualmente conduzido à desintegração social e política. Compreender esses processos é vital para que possamos fortalecer nossas instituições educacionais e jornalísticas, assegurando que continuem a servir a sociedade de maneira imparcial e informada.

Ao observar os desafios enfrentados pelo Brasil em suas esferas educacional e midiática, torna-se claro que os agentes subversivos — conscientes ou inconscientes — ainda desempenham um papel no enfraquecimento das fundações da nação. Reconhecer e combater essas influências é essencial para preservar a estabilidade e a soberania nacional.

Referências Bibliográficas

  • BEZMENOV, Yuri. Love Letter to America. Tomas Schuman. New York: NATA, 1984.
  • SCHUMAN, Tomas D. Deception Was My Job: Exposing Communism in the West. New York: NATA, 1984.
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